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Crítica literária
Josué Montello

"O amparo de um público é muito importante na vida de um escritor - a fase em que faz um nome, a fase em que faz uma obra e a fase em que faz um público -, para concluir, sem vaidade ou orgulho mas fiel à minha simplicidade, que espero ter realizado as três etapas. fiz um nome, uma obra e um público. Esse público se amplia a cada novo livro. Por outro lado, consegui criar um público em Portugal, indicado pelos livros meus que são absorvidos pelos leitores protugueses por intermédio da Editora Nova Fronteira. O amparo de um público é muito importante na vida de um escritor. Com o amparo do desse público pude ir adiante, à revelia da  campanha que por vezes irrompe, de modo brutal, para interromper o caminho de um escritor ou reduzir-lhe a significação. Não se estranhe que isso aconteça. Leia-se este texto sobre uma página de Machado de Assis: 'Completamente nulo, como fundo e como forma. A linguagem é gramaticamente correta, mas o estilo é detestável'. Onde está isso? Na página 25 do livro de Sílvio Romero sobre Machado de Assis. E era Sílvio Romero. E era Machado de Assis. Tenho sido vítima, por vezes, de agressões desse tipo, felizmente esporádicas. Como disponho de uma tribuna - minha coluna no JB -, trato de defender-me sempre que detecto o incompetente na mofina imprensa. Há tempos um revista, uma revista semanal agrediu-me, de modo sistemático, a cada novo livro. Pela mesma pena. Suportei com paciência. Até o dia em que os agredidos éramos eu e o Proust. Isso mesmo: Proust. fui examinar a literatura do agressor sistemático que se valia da coluna de uma grande revista para praticar o seu terrorismo literário. Nada encontrei. Mas encontrei um livro dos pais dele e verifiquei que se tratava de um mau escritor, por parte de pai e de mãe. Dei-lhe a resposta. Recentemente me chegou às mãos um livro póstumo de Neruda, traduzido pelo mesmo cavalheiro. Um horror. Cheguei a presumir que o poeta chileno vaticinou a existência de semelhante tradutor brasileiro - e preferiu morrer antes da tradução"

Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/1986 - Beatriz Marinho

 

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