"Diz-me a experiência que há dois tipos de escritores: os que escrevem porque têm o que dizer, com um ritmo próprio, quer em prosa, quer em verso, e os que escrevem porque acham bonito escrever. Os primeiros hão de ser escritores por toda a vida; os segundos se restringem a ser escritores acidentais, publicando um livro ou outro, e depois vivendo dessa pequena glória ocasional. É evidente que, em toda vocação, o ponto de partida é um exemplo. No meu caso, o escritor surgiu com o manuseio de minha antologia escolar. Foi ali que descobri que havia nascido para escrever. Para ser escritor, é preciso atender a três requisitos: a obra, o nome e o público. Geralmente há os que fazem o nome e a obra. Esquecem-se de que o público é o que nos assegura a continuidade da obra, a menos que disponhamos de recursos, para que nós próprios financiemos a publicação dos novos livros".
Fonte: Jornal do Brasil, 21/09/1996
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