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Influência  literária
Clarice Lispector

"Eu não sei realmente porque misturei tudo. Eu lia livro, romance para mocinhas, livro cor-de-rosa, misturado com Dostoievski. Eu escolhia os livros pelos títulos e não pelos autores que eu não tinha conhecimento nenhum. Misturei tudo. Fui ler, aos treze anos, Hermann Hesse e foi um choque, O lobo na estepe, ou da estepe. Aí comecei a escrever um conto que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora".

Fonte: Entrevista na TV Cultura, em janeiro de 1977 e publicada na revista  Shalom, nº 296, v.2, 1992.

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"Estou enjoada com a mais do que influência que alguns escritores brasileiros recebem de norte-americanos e latino-americanos. Influência de Gabriel Garcia Maquez, de Borges... Quando eu publiquei meu primeiro livro, saida da adolescência, eu não tinha cultura alguma. No entando diziam que eu tinha influência de Joyce e Virginia Woolf. Acontece que eu li Joyce depois de escrever o meu primeiro livro, cujo título me foi dado por Lucio Cardoso. Quando, na França, um jornalista me disse que eu escrevia como Santa Tereza D'Ávila fiquei pasmada, eu nunca li os seus escritos... Quanto a Virginia Woolf, simplesmente ignorava haver no mundo uma pessoa assim chamada. Acho possível, no entanto, que mesmo sem lê-los eu tenha apanhado alguma coisa no ar... É possível. Por exemplo, eu adoro D.H. Lawrencer no entanto meus livros nada têm com os dele. Em Paris, um jornalista disse que eu tinha influência de Sartre. Acontece que só vim a saber da existência de Sartre no meu segundo livro. Quem me emprestou Sartre, então desconhecido para mim, foi o professor Francisco Paulo Mendes, de Belém do Pará, onde passei seis meses".

Fonte: NASCENTE, Gabriel. Sentinelas do efêmero (entrevistas literárias). Rio de Janeiro: Ediouro, 1992

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