Nasceu em 1920 na Ucrânia e veio para o Brasil em seguida. Sua infância se passou no Recife, e aos 12 anos foi morar no Rio de Janeiro. Aos 17 anos publicou seu primeiro livro e não pára mais de escrever. Em torno dela se estabeleceu um mito de intelectual e uma aura de mistério, criados em parte por ela mesma. Quando morreu, Drummond escreveu: “Clarice/veio de um mistério, partiu para outro/Ficamos sem saber a essência do mistério/Ou o mistério não era essencial/Essencial era Clarice bulindo no fundo mais fundo/Onde a palavra parece encontrar/sua razão de ser e retratar o homem...”. Ao fim de uma entrevista para a TV Cultura de São Paulo em fevereiro de 1977, Julio Lerner perguntou a Lispector: “Mas você não renasce e se renova a cada trabalho novo?”. A resposta exprimiu tristeza e desencanto com a vida: “Bom, agora eu morri... Mas vamos ver se eu renasço de novo. Por enquanto eu estou morta... Estou falando do meu túmulo”. Meses depois faleceu de verdade. Mas eis que surge o milagre: poucos anos depois, ela renasce como uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira. Seu primeiro livro, Perto do coração selvagem, foi publicado em 1943, seguido de muitos outros de grande sucesso de crítica e público: O lustre (1945), Laços de família (1960), A maçã no escuro (1961), A paixão segundo GH (1964) e Água viva (1973) ficaram marcados no cenário da literatura nacional. Seu último livro – A hora da estrela (1977) – foi além do sucesso literário e passou para a tela do cinema. Sua obra tem sido objeto de diversas teses acadêmicas. Em 2004, a Editora Rocco selecionou 218 crônicas publicadas no Jornal do Brasil – em que a escritora, em primeira pessoa, discute filosofia de vida e ensaia tentativas de compreender o mundo – e lançou Aprendendo a viver, livro póstumo. Faleceu em 9 de dezembro de 1977.
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