“A autoridade me ofende. Se sinto que alguém sente alguma autoridade em mim, me dá vontade de pedir desculpas. O poder me parece algo quase obsceno. Imagino que, para que a sociedade exista, ele é necesario, mas então que o tenham outras pessoas. Não gosto de política. Me parece que geralmente os escritores que se metem em política se põem a serviço de pessoas que não se parecem em absoluto conosco e nos usam inescrupulosamente”.
Fonte: O Globo, 25/10/1991 (José Negreiros)
“Na verdade acredito que estamos todos comprometidos e que esse compromisso é que nos impele a escrever. Hoje estamos comprometidos com nossa consciência e, quase tão vivamente, a favor e sobretudo contra algumas opiniões. Logo, o compromisso do contista e do novelista é manter a fidelidade a uma espécie de idéia platônica da história contada. Por último, o compromisso geral da profissão, uma cortesia com o leitor, que nos obriga a escrever claramente e o melhor que pudermos”.
Fonte: Escrita (São Paulo), v.1, n.3, 1975.
"Provavelmente, creio que todos devíamos nos dedicar à política, mas, em minha vida, quando fui partidário de alguém em política, me senti fraudado depois. Quando achava que alguém era mau em política não me enganava, mas me equivocava sempre que confiava neles e não me equivocava nunca quando não confiava. Essa minha incapacidade de saber que alguns eram maus quando achavam que eram bons me fez pensar que eu não servia para isso. Algo assim como “Sapateiro, a seus sapatos”. Então, me dediquei ao que sabia, ou acreditava saber, que é literatura... Não. Minhas concepções políticas são sempre as mesmas. Sou partidário de uma política liberal e de entendimento entre as pessoas. Entediam-me as ditaduras".
Fonte: Roda Viva. TV Cultura, S.Paulo, 28/08/1995
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