“O escritor é, por sua própria natureza, um constestador. Pelo menos deveria ser. Platão tinha razão em não permitir o poeta em sua República. O papel do escritor, cada um a seu modo, é o de contestar, protestar, denunciar, se rebelar contra as injustiças sociais, contra as deformações do pensamento e os preconceitos, contra a falsa orden constituída, para pretender uma reintegração desta orden noutras bases. Neste sentido, como escritor, deveria na medida do possível permanecer independente do que quer que seja: organizações partidárias, academias, associações, instituições profissionais, enfim tudo aquilo que possa mesmo eventualmente tolher seus movimentos, constranger a sua espontaneidade, gerando compromisos e limitações na sua liberdade de criar. Mas respeito quem pense diferente. Cada um sabe de si”.
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/1996 - Mario Sabino
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