por Affonso Romano de Sant’Anna
“Ainda a propósito da nova literatura brasileira, é bom dizer que João Antonio, Roberto Drummond e outros tem sido injustamente chamados de badaladores. Acho que atrás disso há um outro problema. Ou seja: eles instauraram um novo comportamento na literatura brasileira. Pararam de chorar sobre seus manuscritos nas gavetas e foram batalhar pelos jornais, faculdades e colégios. Acho que a posição de Roberto Drummond é muito válida. Sou também a favor de que se faça uma revista ‘Amiga’ da literatura”.
Fonte: Escrita. São Paulo, v. 2, n. 16 – 1977 – Astolfo Araújo e Wladyr Nader
por Jorge Fernando dos Santos
"No que diz respeito a sua primeira característica, vale dizer que Roberto Drummond lutou contra tudo e contra todos para impor seu próprio estilo num universo saturado de "gênios literários". Como poucos, fez do narcisismo a principal arma para se proteger das acusações que sofreu ao longo de uma carreira de altos e baixos. Com poucas exceções, a crítica literária não gostava do escritor. Isso porque os intelectuais geralmente odeiam tudo o que pode ser alcançado pelas pessoas comuns, pois não conseguem diferenciar o popular do populista. O mesmo se passou com outros brasileiros, como Villa-Lobos, Tom Jobim, Glauber Rocha e até Oscar Niemeyer. Ao contrário de outros esquerdistas, que preferem fazer o gênero pobre, Roberto gostava do glamour das colunas sociais, e isso também incomodava aqueles que consideram a riqueza um pecado mortal...
foi um dos poucos de sua geração a construir uma obra literária de repercussão nacional sem sair de Belo Horizonte e, melhor ainda, sem abrir mão de ambientar suas histórias na cidade que o acolheu. Em segundo, mesmo tendo morado no Rio de Janeiro durante um curto período de tempo, foi em BH que ele criou as bases de um estilo até então inédito e jamais imitado. Como foi ressaltado por alguns críticos, Roberto foi o mestre e o único discípulo da chamada literatura pop brasileira".
Fonte: Estado de Minas, 26/06/2002
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