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Cinema
Mario Vargas Llosa

“Não (a literatura não deve nada ao cinema e a televisão). Temos honrosas exceções como é o caso de Manuel Puig e Guillermo Cabrera Infante, que utilizaram o cinema para fazer grande literatura. A grande diferença entre a literatura clássica e a moderna é que nesta última o tempo transcorre veloz e deixa inúteis os intervalos. Aí é que está fundamentalmente a influência da imagem. O cinema nos ensinou um tratamento de tempo que antes era inconcebível. Vivemos mais rápido e construímos romances em que o tempo se sintoniza e a história é narrada por meio de retrocessos e avanços temporais. Felizmente a história da literatura não acontece como no mundo industrial, em que um produto novo aniquila o anterior – a literatura moderna não derruba as obras clássicas. Assim, o surgimento de Joyce não acaba de maneira alguma com Cervantes e aí está sua riqueza”

Fonte: O Estado de São Paulo, 21/11/2004 - Ubiratan Brasil 

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