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Política
Mario Vargas Llosa

“Nos anos 50, e mesmo nos 60, a idéia generalizada era que um intelectual podia influir na vida política e social. Suas opiniões eram importantes e, por isso, era preciso se comprometer. Hoje creio que havia muita ingenuidade nessa idéia. Mas tampouco estou de acordo com os que acreditam que a literatura, ou a cultura em geral, não tem maior efeito sobre a história, que é uma atividade fundamentalmente de entretenimento – muito elaborado, superior, mas de entretenimento -, e que não deixa marca na vida política ou social. Isso me parece inexato, e nesse sentido, sim, artistas e intelectuais tem uma responsabilidade, sem dúvida alguma”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2006 – Fernando Ramblas

"No meu caso, sou fundamentalmente um escritor. Uma das coisas que apreendi fazendo política é que eu não sou político, sou muito mau político, não tenho atitude, não tenho apetite, que creio ser muito importante, o que não significa que não vá continuar polemizando, escrevendo, participando do debate político. Isso para mim faz parte do meu trabalho de escritor, do meu trabalho intelectual. O máximo a que me atreveria a chegar a dizer é que um escritor tem uma obrigação moral, sobretudo em países com problemas tão terríveis como os países latino-americanos. Mas creio que, como escritor, o indivíduo tem a obrigação de escrever, de ser autêntico, de escrever com o maior rigor, com a maior autenticidade, obedecendo a seus próprios demônios interiores. Creio que essa é a obrigação de um escritor. A outra é uma obrigação de cidadão, que não é maior em um escritor que em um advogado ou um técnico".

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 02/01/1995

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