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Crítica Literária
Dyonélio Machado

“Concordo com você quando considera por demais ligeira a crítica que se faz no momento e assume o caráter de mera resenha. Como também a elaborada demais nos estudos universitários. Em nenhum dos casos atinge sua finalidade, que não é outra senão a análise. Não é fácil, reconheço, julgar seja o que for, porque sempre o elemento subjetivo estará presente. E a crítica perde todo o seu sentido quando sujeita a um compromisso. Sendo, então, o compromisso contraído com o poder, a crítica submete-se simplesmente a um código – que tem todo o semblante dum regulamento. Suponho que o poder, pelo fato de dispor de institutos do livro, câmaras do livro, arroga-se o pomposo papel de distribuidor da cultura. Mas não é tal; ceva, isso sim, uma falsa cultura, obedecendo a cânones estipulados. Uma instituição do ensino, com vistas a fortalecer um poder desligado da nação, não contribui para a difusão da cultura – que só frutifica pela liberdade de pensar e direito de expor o que se pensou. O editor retrai-se. A intelectualidade entra em estado de anemia. O leitor acaba por perder o gosto da leitura. Já se profetiza até a extinção da atividade literária, substituída por um realejo de moer histórias”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/1981 – Julieta de Godoy Ladeira    

"Para início: não há crítica, achando-se ela sempre ditada pelo subjetivismo. Sei por mim mesmo: não preciso que me digam quão condenável é essa espécie de exibicionismo que goza em desfiar elogios feitos à própria pessoa. É sim. Mas leve-se em conta que ainda agora ouço dizerem-me: não consegui continuar a leitura do seu livro (O louco do cati). Não tenho a sugestibilidade muito fácil. Mas com tudo isso eu mesmo o abominei. Resisti a todos os pedidos de reedição. Se consenti agora, foi por amizade. Depois da brutalidade com que fui tratado pela crítica, ver alguma simpatia em torno dele me deixou perplexo. E ainda estou - a alimentar um ceticismo difícil de dominar.  Mas vamos com os poetas: a corte se mobilizava por sua conta, sem, está visto, a menor intenção de contrariar a crítica negativa (que talvez jamais conhecera), o manípulo contava com mais dois elementos que, esses, eu bem conhecia: minha filha e um jovem. Ele vinha duma linhagem literária que tanto ilustrava a literatura. Por sua vez, moço ainda, já se distinguia na atividade jornalística: Paulo de Medeiros e Albuquerque. Infelizmente, não se achou mais seu comentário, o primeiro em data favorável ao meu trabalho. As mulheres e os rapazes - é o que diz um escritor com grande experiência - são o público que mais honra o artista. eu aplico um escólio à sentença de Eça de Queiroz: e os poetas. Tudo isso é ingênuo, quer dizer, sem maldade. Ou maldade friável, pronta a desfazer-se ao primeiro contato da arte. Cecília (minha filha) é poeta, embora o negue de pés juntos. É dela uma antiga carta sobre O louco de cati. 'De todos os teus livros - escreve a certa altura - , aquele pelo qual tenho mais carinho é O louco de cati..."

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 1. Porto Alegre: LP&M, 2008

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