"Pode-se falar em 'música' verbal, contanto que se lembre que o som das palavras é inseparável de seu significado. As notas na música não denotam nada... Ao escrever letras de música, é preciso lembrar que, provavelmente, apenas uma palva em cada três será ouvida. Então, deve-se evitar imagens complicadas. São adequados verbos de movimento, interjeições, listagens e substantivos como lua, mar amor, morte... O problema de escrever o tema das Nações Unidas, no qual não se pode ofender nenhuma concepção do homem, de natureza, do mundo, foi evitar os clichês mais batidos. Decidi que a única coisa a fazer era tornar todas as imagens musicais, pois a música, co contrário da língua, é internacional. Casals e eu trocamos cartas, e ele foi extremamente liberal quanto a alterar sua música se, como ocorreu uma ou duas vezes, se sentisse que ele havia acentuado sílabas de maneira incorreta".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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