"Escritores raramente dão bons líderes. Para começar, eles são autônomos, e têm muito pouco contato com seus clientes. É muito fácil para um escritor ficar fora da realidade. Não perdi meu interesse por política, mas vim a perceber que , em casos de injustiça social ou política, apenas duas coisas são eficientes: ação política e reportagem jornalística honesta sobre os fatos. As artes não podem fazer nada. A história social e política da Europa teria sido a mesma se Dante, Shakespeare, Michelangelo, Mozart etc. nunca tivessem existido. Um poeta, na qualidade de poeta, tem apenas uma obrigação polítia, que é dar um exemplo, em sua própria literatura, do uso correto de sua língua mãe, a qual está sendo sempre corrompida. Quando as palavras perdem seu significado, a força física assume o comando. De qualquer modo, deixe um poeta, se ele assim o desejar, escrever o que agora se chama poema engagé, contanto que ele perceba que é principalmente ele mesmo quem irá beneficiar-se disso. E sua reputação literária irá crescer entre aqueles que sentem o mesmo que ele".

Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.