“Eu sou muito organizado, parto de uma idéia. A partir da idéia, eu faço um esboço prévio, pequeno, que deve ter umas oito ou dez páginas, com começo, meio e fim. Aí, esse material eu discuto com pessoas. Discuto com minha mulher, discuto com amigos, colho opiniões. E essas opiniões, por vezes, são muito importantes, porque me evitam enveredar por caminhos que não têm nada a ver comigo. Então, depois eu passo à divisão em capítulos ou em partes, em cenas e tal. E vou organizando. Normalmente eu passo isso para uma folha de papel bem grande; faço graficamente uma espécie de arquitetura do texto. Videiras de cristal, o livro que deve sair agora em dezembro de 1990, foi dividido em três partes, cada parte foi dividida em quatro capítulos, cada capítulo foi dividido em cinco cenas, de aproximadamente 17 a 20 páginas”.
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Escrever 2. Bari: Ecumênica Editrici scrl, 1994.
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“Escrevo por acaso, isto é, nunca pensei em ser escritor. Tudo foi acontecendo e eu me fui acostumando. Hoje já não posso me conceber julgando processos, que era o destino que minha família me dissera para cumprir. Escrevo no meu melhor à tardinha: já não é mais tarde, e ainda não é noite. Mas se eu me empolgo, posso entrar noite a dentro, desde que tenha começado à tardinha. Antes eu escrevia melhor pela manhã, cedo. Depois descobri que sofria de deficiência de um produto químico no sangue. Corrigi isso e hoje me acordo tarde, isto é, pelas 7, quando tenho de sair correndo para a Universidade. Uma pequena mania: não termino uma cena, ou capítulo, no mesmo dia em que estive trabalhando nele. Deixo correr uma noite e aí, no dia seguinte, descansado, escrevo o final. E enfim: só sei escrever romances. Fico paralisado ante o conto e a poesia. Poesia e conto são para quem sabe.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
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