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Jornalismo
Ferreira Gullar

"Foi no jornalismo onde aprendi a escrever com um máximo de economia. O jornal me ensinou a escrever e contribuiu parame manter em contato com a realidade viva, o país, o mundo".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

 

“A mim o jornalismo não atrapalhou em nada. O jornalismo foi o ganha-pão. Como a literatura não dá camisa a ninguém, não se consegue viver de literatura no Brasil, é preciso encarar um emprego fixo... Acho que ajudou sim, em especial o jornalismo moderno. O que chamo moderno é o jornalismo realizado a partir dos anos 1950, que acabou com o nariz de cera e o jornalismo subliterário. Ele te fazia buscar a limpeza do texto, a objetividade, o que só ajuda a literatura, esse jornalismo limpa a literatura de qualquer tendência à prolixidade. É disciplinador. Não é que se deva fazer a literatura como se faz jornalismo. Mas ver a linguagem como um instrumento é importante... Minha vocação, salvo engano, é a poesia. Mas a minha profissão foi a vida inteira o jornalismo. Não posso dizer que fosse a minha vocação. Trabalhei com muitos jornalistas por vocação, como Jânio de Freitas, pessoas cuja paixão era a imprensa. Não foi o meu caso. Trabalhei com muito prazer, foi a melhor profissão que poderia ter na vida. Convivi com pessoas muito interessantes, engraçadas, amigas, mantive-me a par de tudo o que estava acontecendo no Brasil e no mundo. Mas não era a minha realização... Escritor não é profissão, não. E talvez poesia não seja nem literatura. É uma coisa tão extemporânea, tão fora das normas que, ou a poesia é a pura literatura ou ela não é literatura. Ninguém faz literatura objetivamente, a não ser aqueles escritores americanos de best-sellers. A objetividade se refere muito mais ao artesanato, à técnica, ao domínio da linguagem. Em matéria de arte, a técnica é imprescindível mas não suficiente... O literato ajuda o jornalista sim, deu um domínio maior da língua, uma segurança maior com relação ao instrumento e uma preocupação nata com a economia, com a eficiência da linguagem, com a palavra que não pode ser nem mais nem menos. A poesia é a linguagem econômica por definição. Isso no jornalismo é importante. Desde que não se leve dez horas para fazer uma notícia”.

Fonte: www.penadealuguel.com.br (Cristiane H. Costa) - 27/07/2006

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