"A religião é que alivia você desse pesadelo de que o cara nasce pra morrer. Entremente, você ama, faz poesia, se diverte, faz o que quiser. Agora, numa certa altura da sua vida, quando você leva uma porção de cacetadas é que a morte passa a existir - porque no começo a morte é apenas ficção: você sabe que se morre, mas você não pensa que você vai morrer — mas no momento que ela passa a existir, no momento que morre seu filho, aí é verdade... Na hora que morre o seu amigo querido, aquele que lutou com você, que era seu companheiro (ou sua companheira) e que não existe mais, aí...".
Fonte:
http://entrevistasempauta.blogspot.com.br em 16/062011
“Eu não tenho nada contra religião, eu só não acredito. Religião é uma coisa importantíssima, sem ela a humanidade não existiria. A civilização nasce com a religião. A religião cria os primeiros valores, comportamentos; em função da religião construíram-se catedrais formidáveis, música, pinturas e poesia. Porque o homem se sentindo rato não constrói catedral. Ele tem que se sentir filho de Deus, ou alguma coisa grande, se não ele não constrói. O homem tem que ter alguma dignidade, uma grandeza, uma coisa qualquer; e se ele se julga filho de Deus, ele tem uma grandeza”.
Fonte: Roda Viva, TV Cultura, S.Paulo, 15/10/2001
“O homem inventou tudo, até Deus. E porque inventou Deus, o homem criou coisas maravlhosas. As grandes catedrais, a música, a pintura. Deus deu grandeza ao homem. Se o homem se considerasse simplesmente um bicho ele não construiria Chartres. Essa grandeza foi também a da revolução, a da crença na justiça. Eu acho que uma das razões da decadência da arte contemporânea é a perda desta grandeza. Sou ateu mas prefiro um religioso a um cretino cujo único objetivo é consumir. O homem aspira à transcendência. Cada dia estou mais perplexo. O universo é tão incompreensível. Uma vida é pouca para entender. Eu queria mais.”
Fonte: O Globo, 29/05/1999 – Cecília Costa
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