Abgar Renault
“O Carlos eu conheci de uma maneira muito curiosa. Foi em frente ao cinema Odeon, que era também na rua da Bahia. Eu estava esperando a segunda sessão e o Carlos aproximou-se de mim e me disse: ‘ O senhor é o Abgar não é?. Eu disse: ‘Sou eu mesmo, por quê’. Ele falou: ‘Eu gosto muito das suas coisas’. Eu fiquei muito preso naquilo. Eu sabia que o Carlos era um nome muito importante, mas não tinha lido nada dele ainda. Ali nós fizemos uma relação muito numerosa, muito boa... Mas não gostava de alguns poemas, depois publicados em Alguma poesia, nos quais ele carregava contra a poesia antiga, clássica. Mas eu não me lembro de nenhuma desavença com ele. Uma vez eu lhe escrevi comentando um poema seu sobre Belo Horizonte – a meu ver exagerado -, e ele me respondeu de forma bastante contrariada. Ele sempre foi muito intransigente. Achava-o difícl. Mas nunca tivemos nenhuma desavença.”
Fonte: Folha de São Paulo, 17/03/1996 – José Maria Cançado
Adélia Prado
"A influência que Drummond teve em minha poesia foi toda. Foi lendo Drummond que descobri meu caminho pessoal de expressão".
Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.
"Ele desejou me conhecer, não é? E me fez um convite que o visitasse, que gostaria de me conhecer, e foi assim, eu fui a casa dele, e a gente conversou de tudo, menos de literatura, e foi muito, muito bom. Quer dizer, foi um aval definitivo. A editora se interessou, através de Pedro Paulo de Sena Madureira, e os livros se seguiram, então; eu tive essa sorte, essa felicidade de ter esse apoio, essa aprovação inicial do Carlos Drummond".
Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura,
05/09/1994
Antonio Lobo Antunes
“Carlos Drummond de Andrade é o maior poeta da língua portuguesa nesse século. Ele deveria ter recebido o Nobel, isso só não ocorreu porque a tradução desfigura a poesia”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/1996 – José Castello
Antonio Tabuchi
“Foi num sábado na casa do Plínio Doyle, um sabadoyle há dez anos. Contei ao Drummond que era tradutor dele e que seus poemas iam ser publicados na Itália pela Einaudi. Ele me contou da sua infância, da passagem do cometa Haley que ele tinha visto, depois me levou no hotel uma porção de livros dele com uma dedicatória linda. Nós nos correspondemos um pouco, mas como ele era tímido e eu também, nada muito fértil. Só tenho um remorso: não ter publicado os poemas enquanto ela era vivo. Ele gostaria de ter visto”.
Fonte: Jornal do Brasil, 06/08/1994 – Norma Couri
Federico de Onís
"UN profond sentiment du monde présent et futur, que lui confére une valeur iniverselle"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Ferreira Gullar
"Com Drummond, estive duas ou três vezes... Ele é um dos maiores poetas da língua portuguesa".
Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.
Gilberto Freyre
"Cabe ao Brasil reconhecer a grandeza dos seus homens incomuns e proclamá-la ... Dar graças a Deus por lhe ter dado um Carlos Drummond de Andrade"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Gustavo Capanema
"Não sei de quem possa mais do que ele orgulhar-se do nome de homem"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Haroldo de Campos
“Os dois são grandes poetas. A ambos admiro. Mas João Cabral é mais rigoroso, mais radical, jamais deixa a peteca cair; já Drummond, autor de poemas seminais, é, não obstante, mais indulgente, mais sentimental, sobretudo quando, em sua poesia, aflora o cronista das amenidades da vida”.
Fonte: Revista e (Senac), n. 10, abr. 2003
Helder Macedo
“Presumo que uma das razões que terão levado um poeta que admiro tanto, um grande mestre como Carlos Drummond de Andrade, a gostar de Cesário Verde, e considerá-lo um poeta tão importante, é que há uma família poética na tradição de nossas culturas que incluem um Sá de Miranda, o próprio Carlos Drummond de Andrade, ou Cesário Verde. Não é uma linha óbvia, mas é uma linha austera da poesia de língua portuguesa na qual Cesário Verde se insere. Além do mais, é um poeta seminal, o mais estimulante de todos os poetas do século XIX, acho eu. É o mestre de todos os poetas que escreveram depois dele. O próprio Fernando Pessoa, que não foi um homem muito generoso em relação às suas influências, exceto se fossem estrangeiras, nunca se recusa a chamar de mestre a Cesário Verde. Acho que ele é o nódulo central da modernidade portuguesa”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/1987 – Nilo Scalzo e Tereza Monteiro Otondo
João Antonio
"O importante é abrir esse debate: por que o escritor não vive de literatura? Aí se chega ao problema dos editores, dos enlatados, dos best-sellers, que na maioria já chega aqui prontinho para ser consumido e toma conta do mercado, etc. etc. Se você for nas livrarias brasileiras hoje, vai notar um verdadeiro despejo de uma torrente de literatura não erótica, mas pornográfica. Você não encontra um livro sério, um livro decente na cara de uma livraria, na primeira prateleira exposta. É um negócio que o escritor brasileiro tem que ver, se comprometer, mas ele está com muito medo. Rigorosamente, o único escritor brasileiro que está tomando esta atitude é o Carlos Drummond de Andrade. Ele é o único que vai pro Jornal do Brasil e escreve o que ele escreve. Os escritores aceitam muito as regras da coisa, se calam muito".
Fonte: Ex-, (São Paulo) nº 12, jul 1975 - Hamilton de Almeida Filho
João Cabral de Melo Neto
"O grande poeta brasileiro, não de agora, mas de qualquer época, é Carlos Drummond de Andrade. Foi ele quem me convenceu, com Alguma poesia, de que eu também poderia ser poeta".
Fonte; SECCHIN, Antonio Carlos. João Cabral: a poesia de menos. São Paulo: Topbooks/UMC, 1999.
"Além do mais, ele foi a árvore à sobra da qual mais poetas cresceram no Brasil".
Fonte: Jornal de Letras, Artes e Idéias, Lisboa, n° 270, 07/13 set. 1987 - Arnaldo Saraiva.
"O autor brasileiro, realmente, a quem mais devo é Carlos Drummond de Andrade. Logicamente, é meu poeta preferido. Mas de certa maneira um autor deve sempre um pouco a todos os outros".
Fonte: Diário de Pernambuco, 25/10/1953
João Gilberto Noll
“Volto sempre aos poemas de Drummond. Ele é um dos cinco poetas que mais me estremecem, que mais continuam a me estremecer. O Drummond é um desses autores co pujança bíblica. E difícil você estar necessitado de uma certa pujança existencial e não encontrá-la na obra de Drummond. Ele é um artista universal. Minha tendência é vê-lo como um clássico brasileiro... A obra do Drummond nos conecta a percepções do mundo mais ricas... O Drummond é um escritor mineral, que tem uma virilidade e linguagem eu me impressiona muito”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/1997 – José Castello
John Gledson
“É pena que Drummond, que chegou a pensar em concorrer ao Prêmio Nobel, tenha desistido da idéia, porque teria sido bom que ele ganhasse”.
Fonte: Folha de São Paulo, Tânia Marques
Juan José Saer
“Dizem que cada escritor quando cria é se fosse um novo idioma estrangeiro no coração de uma língua. O mesmo acontece com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, dois outros brasileiros que admiro muito. Drummond influenciou muitos escritores na Argentina nos anos 1950”.
Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/1997 – Marili Ribeiro
Lêdo Ivo
"O que escrevi na revista Província de São Pedro foi um artigo exatamente sobre o problema de se estabelecer uma divisão de águas. Dizia que o maior poeta da minha geração seria aquele que promovesse uma romaria ao túmulo de Olavo Bilac e jogasse uma pedra na janela de Drummond! (risos). Isso para dizer que o caminho da poesia estaria na diferença, mas alguns débeis mentais entenderam no sentido literal, como se eu quizesse jogar pedras no Drummond. Aliás, o Drummond uma vez deu uma entrevista muito engraçada dizendo: 'Não conheço a pedra do Lêdo Ivo'. Essa foi uma maneira de eu dizer que a afirmação de uma geração se dá em fazer o que, em certo sentido, fizeram os modernistas: negar a aceitação passiva. Era o caminho da rebelião e da hostilidade, uma metáfora. Não estava pregando o vandalismo e a depredação (risos). Carlos Drummond foi uma das minhas grandes amizades de minha vida. Tenho poemas dele sobre mim. A mania do Drummond era Greta Garbo, então quando viajava procurava retratos dela para comprar e mandar a ele. Uma ves ele fez um poema sobrea Greta Garbo muito bonito e mandou para mim, esse não consta nem nas obras completas dele."
Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.
Luciana Stegagno
“Hoje há tantos escritores, mas faltam aqueles. Não há mais o poeta, o escritor, uma figura do nível de Drummond, que assumia em todas as instâncias da nação. Mantive uma bela correspondência com Drummond em que ele, a certa altura, diz que eu valorizava demais o Drummond prosador, escritor de crônicas. ‘Sou poeta. O escritor de segundo caderno existe praticamente só por razões econômicas’. Mas penso que, quando ele dizia algo em suas crônicas, o Brasil escutava. Não há mais um personagem assim”.
Fonte; República (S.Paulo), junho de 2000 – Elisa Byington
Manuel Bandeira
"Já ao Drummond eu quero um bem imenso, mas nunca sentei na mesa dele pra almoçar. Nem ele na minha. Nos admiramos muito, mas não temos convivência doméstica... O Drummond é o maior poeta que o Brasil já deu e reconheço sua superioridade sobre mim. De nós dois, o poeta moderno, o que captou a complexidade do momento presente e a transmite como ninguém é o Carlos".
Fonte: BLOCH, Pedro. Pedro Bloch entrevista. Riop de Janeiro: Bloch Editores, 1989.
"No Brasil, o poeta com quem sinto maiores afinidades é Carlos Drummond de Andrade".
Fonte: SENNA. Homero. República das letras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 3ed. 1996.
"O sentimento do mundo
É amargo, ó meu poeta irmão!
Se eu me chamasse Raimundo!
Não, não era solução.
Para dizer a verdade,
O nome que invejo a fundo
É Carlos Drummond de Andrade"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Mario Benedetti
"Gosto muito de um poeta como Carlos Drummond de Andrade. E sou muito amigo de Thiago de Mello. São minhas referências brasileiras mais importantes".
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/1997 - José Castello
Millôr Fernandes
“Eu gostaria muito de ser amigo do Drummond. Mas eu não sei se tenho direito de entrar na vida dele. Ao mesmo tempo, talvez ele gostasse. Mas não pode me procurar. Então eu sou amigo dele à distância”.
Fonte: Psicologia e Comportamento, abr. 1984
Olga Savary
"Amicíssimo. Nunca me atraiu como homem, mas sempre mexeu comigo. Como poeta, era de tirar o fôlego. Tinha vontade de pegá-lo no colo, como uma mãe, mas ele não gostava nada dessa história. Eram outras as suas intenções [risos]. Uma vez, na fila do banco, eu disse para ele que adorava a amizade amorosa que havíamos construído. Ele ficou furioso: “Amizade amorosa coisa nenhuma, isso é amor!”. Fiquei muda, passada. Drummond era discretíssimo, tímido, mas naquele momento se tornou um alucinado, gritava em plena fila de banco".
Fonte:
revista Marie Claire, nº ? de 16/06/2011.
Oswald de Andrade
“É grande, imenso, mas apenas para as elites. Não se pode esperar mais nada dele”.
Fonte: Versus (São Paulo), n. 6, nov. 1976 – Marcos Rey (Extraído do Jornal da Senzala, n. 1, fev. 1968)
Pablo Antonio Cuadra
"A meus amigos poetas jovens levo anos aconselhando: olho no Brasil. Andamos talvez consumindo a curiosidade no francês, no inglês, no russo, enquanto ignoramos a maestria próxima de uma grande literatura paralela à nossa e cheia de invenções. Cansaríamos os olhos e não encontraríamos facilmente um par no mundo para Drummond".
Fonte: MARTINS, Floriano. escritura conquistada: diálogos com poetas latino-americanos. Fortaleza: Letra & Música Comunicação Ltda., 1998.
Pedro Nava
"O elogio em envaidece profundamente, pelo respeito que tenho pelo Carlos, que é hoje um dos meus amigos mais antigos. Nos conhecemos em 1921, são 62 anos de amizade, sem nuvens. Nunca tive nenhuma rusga com o Carlos. Ele é naturalmente cerimonioso, reservado. Eu não gosto de tomar confiança, eu vou com as pessoas até onde elas deixam. Sou incapaz de fazer um pergunta íntima a quem quer que seja. Há pouco, deu-se conosco uma cena engraçada. O Carlos me perguntou: 'Você não está notando nada de diferente na minha cara, não?". Eu disse: 'Estou. Você está de bigode e com uma ferida no rosto'. Ele falou: 'É exatamente por causa dessa ferida que estou de bigode. Porque quando vou escanhoar o bigode, eu corto e irrito a ferida. De modo que enquanto isso não cicatrizar vou ficar de bigode, mas depois vou raspá-lo'. O Carlos achou que devia me dar uma explicação. Eu aceitei mas nunca provocaria isso. Se ele aparecesse para mim com a cabeça raspada, com o bigode para cima, com os olhos para baixo, eu não teria nada com isso".
Fonte: D.O. Leitura, jan. 2000 - Edina Regina Pugas Panichi
Rachel de Queiróz
"...quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida,
Era o primeiro sinal.
Dai para diante os Sinais não se calaram
Andam pela ionosfera como ondas de rádio.
O poeta é dono de tudo,
faz transfigurações e malabarismos.
Tudo ele viu, tudo ele sabe.
Não falei que tal onda da poesia
é como onda de rádio, levandoi
música e iluminação po toda a volta do
{mundo
- acompanhando as curvas do mundo,
cortando equador, trópicos, pólo austral e
{boreal?"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Régis Bonvicino
“Carlos Drummond de Andrade. Bem, é ainda o poeta de língua brasileira de todos os tempos”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2006
Tristão de Athayde
"Tanto é mestre no vervo como na prosa"
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
Vinicius de Moraes
"Para mim , Carlos atingiu sua plenitude, como poeta, no ciclo que vai de 1935 a 1946, com os poemas constantes de 'Sentimento do Mundo', 'José', e 'A Rosa do Povo'. Nestes, é inigualável e, dentro do meu conceito, o único poeta moderno brasileiro que atingiu plenamente o universal, podendo se comparar aos maiores dentre seus pares, como T.S. Eliot, Paul Eluard, Auden, Lorca, Ingaretti, Pessoa, Maiakovski, Rilke, Nazim Hickmet, Albert, Frost, Neruda, Lowell e tantos mais".
Fonte: Correio do Povo, 28/10/1972
* * *
O que eu falo de outros
Cecília Meireles
"Cecília é o caso de poesia total. Cecília é o próprio nome da poesia. Riqueza verbal e espiritual. E nobre por fora e por dentro. Não participa nunca das coisas menos elevadas. Não tem deficiências. E poesia no sentido universal. Tem coisas que não se encontram em nenhum outro".
Fonte: BLOCH, Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.
Chico Buarque de Holanda
“Uma vez eu estava posto em sossego, cerca de meia-noite, e me telefonou o Chico Buarque de Hollanda, pessoa que admiro muito, mas com quem não tenho nem contato. Gosto da música dele. Telefonou e disse: preciso conversar com você. Eu disse: A esta hora da noite? Meu Deus, aconteceu um drama, para o Chico me procurar! Mas disse: pois não, venha. Apareceu em companhia de um cidadão, moreno, magro. Era já meia-noite e meia. O cidadão falou meio enrolado, era o embaixador da Nicarágua no Brasil, que tinha lido uma crônica minha no jornal e achava que eu estava mal informado sobre o país dele. Ah, tenha paciência! Eu tenho noção do que escrevo, compreendeu? Não sou partidário dos Estados Unidos, longe disso, acho a agressão à Nicarágua uma coisa estúpida. Mas não se pode negar que a Nicarágua é uma ditadura. Eles fecharam o La Prensa, onde tenho amigo, o poeta Pablo Antonio Cuadra. E então falei para o Chico: tenha paciência!”
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/1986 – Luiz Fernando Emediato
Guimarães Rosa
"Guimarães Rosa, para mim, continua admirável. Por mais que ele tenha em boa conta a originalidade de seus processos literários, vai muito além do seu próprio julgamento. Acho que ele é um louco que pensa que é Guimarães Rosa".
Fonte: BLOCH, Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.
João Cabral de Melo Neto
“Não, não (exerci influência sobre ele). Terá sido apenas uma relação de conhecimento entre o João e eu. Ele é meu afilhado de casamento, e quando vinha para o Rio me procurava. A gente tomava café e conversava muito. A primeira fase do João é muito diferente da definitiva. A primeira é mais frenética, inspirada em Mallarmé, Rimbaud. A definitiva, mais objetiva, direta. É o agreste de Pernambuco, o sertão, os problemas do dia de hoje, que ele considera e trata num estilo muito próprio. Não houve propriamente influência. Sou mais velho, ele gostava de mim, se interessava pelo que eu escrevia, e eu pelo que ele escrevia. Tanto que um dos meus antigos poemas é dedicado a ele. Um pouquinho à sua maneira, porque quis diverti-lo, agradá-lo”.
Fonte: Folha de São Paulo (Folhetim), 03/06/1984 – Augusto Mais e Lúcia Nagib
Manuel Bandeira
“Escrevi uma carta a ele. Eu o admirava muito. Descobri uma vez na Livraria Francisco Alves, que era o ponto de encontro dos escritores de Belo Horizonte, um livro dele chamado A cinza das horas. Aquilo me impressionou, a começar pelo título. Passei a ler e a gostar dele, e um dia lhe escrevi uma carta. Uma carta muito respeitosa, porque naquele tempo os jovens respeitavam muito os mais velhos. Hoje é aquela bagunça geral, ninguém respeita ninguém. Ele então me respondeu com muita simpatia – as cartas dele para mim estão publicadas nas suas obras completas, edição Aguilar. Manuel exerceu também uma influência muito grande sobre mim. Ele e Mário (de Andrade) foram as pessoas que mais me orientaram”.
Fonte: Folha de São Paulo (Folhetim), 03/06/1984 – Augusto Masi e Lúcia Nagib
"Bandeira é mais velho do que eu. Aprendi a fazer versos através dos versos dele. É um homem excepcional. Os poeta, em geral, ou morrem aos vinte e poucos anos ou atingem os cinquenta e deixam de escrever. Um homem de setenta e sete anos, escrevendo com a graça do Bandeira. é algo de assombroso. Ele é uma espécie de arco-iris na poesia brasileira. Abrange todas as experiências... até mesmo o concretismo! Mario de Andrade fez bons poemas, mas era revolucionário. O Bandeira é esclarecedor".
Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.
Mario de Andrade
“Oswald de Andrade publicou um romance, e eu, que era muito metido a fazer crítica literária, fiz um artigo, no Diário de Minas, sobre o livro dele. Dois anos depois, quando ele foi a Minas, com uma caravana de escritores, mandou indagar onde eu estava, porque queria conversar comigo. Sabendo quem ele era e que vinha a Belo Horizonte na companhia de Mário de Andrade, que já conhecia de nome, e da Tarsila do Amaral, chamei meus amigos e fomos lá no hotel. Era jornalista e minha idéia foi entrevistá-los. De todos eles, senti que o Mário de Andrade ia ser uma pessoa muito importante em minha vida, porque ele me tratou com muita atenção. E acabou pedindo que escrevesse para ele. Mantive, portanto, uma correspondência com Mário de 1924 a 1945. E esta foi uma coisa muito importante na minha vida. Porque a ele mi dirigia não só para pedir-lhe opinião sobre a poesia como para pedir opinião sobre a minha vida, o que devia fazer. Estava, por exemplo, com vontade de casar e perguntei, em carta a ele, o que achava. Na época, não me sentia muito maduro para o casamento e, gozado, ele que era solteirão, dava conselhos de como tratar as mulheres, de dar sempre razão à mulher, o que é muito difícil, ninguém cumpre isto. Portanto, Mário foi muito importante para mim”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/1985 – Gilson Rebello
“Essa correspondência (com Mário de Andrade) durou de 1924 até 45. Foi uma coisa deslumbrante na minha vida. Mário não era apenas um orientador literário, um crítico: era um amigo, um companheiro, uma pessoa que se interessava pela minha vida. Discutia comigo de igual para igual, não tinha caráter doutoral. Era ma relação muito boa... Era duro, mas ao mesmo tempo blandicioso. Me castigava com críticas ferozes, às vezes falava: ‘se você publicar isso, passo a me chamar Xavier’. Mas depois contrabalançava dizendo: ‘seu poema é maravilhoso, uma obra-prima’ etc. Havia uma pouco de exagero no elogio, mas sempre interpretei como a forma que ele tinha de compensar as lambadas que me dava”.
Fonte: Folha de São Paulo (Folhetim), 03/06/1984 – Augusto Massi e Lúcia Nagib
Oswald de Andrade
“Quando ele publicou seu primeiro livro – Os condenados – fiz uma crítica no jornal; ele me agradeceu e quando chegou a Belo Horizonte mandou procurar por mim. Oswald era muito interessante, divertido, bom camarada, bom papo. Convoquei então Pedro Nava e Emilio Moura para visitá-lo no hotel. Era um grupo: Mário, Oswald, Tarsila, o filho do Oswald, Dona Olívia Penteado, Gofredo Telles, genro de Dona Olívia, e Blaise Cendrars. Essa noite no Grande Hotel foi de encantamento para nós. É como se fôssemos os fiéis de uma nova religião, mas não tivéssemos sacerdote. Daí apareceram três ou quatro sacerdotes para nos evangelizar. Eu, que já tinha tendência para essas coisas, que já lia e tinha noção do que fosse o movimento modernista, fiquei completamente conquistado”.
Fonte: Folha de São Paulo (Folhetim), 03/06/1985 – Augusto Masi e Lúcia Nagib
Pedro Nava
Pedro Nava surpreende, assusta, diverte, comove, embala, inebria, fascina o leitor".
Fonte: Bravo! s.d.
"Meu amigo Pedro Nava
regressou de Juiz de Fora.
Parabéns a Pedro Nava,
parabéns a Juiz de Fora"
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/1983
Ariel despede-se do corpo
que fizera sua alma escrava.
Mas há sempre uma luz no rosto
- distanciado - de Pedro nava"
(Final da Ata de 19 de maio de 1984, do primeiro "Sabadoyle" realizado após a morte de Pedro Nava)
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/1984
Vinicius de Moraes
“Uma vez tive uma pequena polêmica com o Vinicius de Moraes, que era um homem admirável. Na época em que ele fazia crônicas, tivemos uma discussão em torno de qual era a atriz mais admirável. Ele achava que era a Marlene Dietrich. Eu não podia consentir, pois a Greta Garbo era um amor meu desde a adolescência. Então o Vinicius, muito malandramente, para vencer a polêmica, inventou uma história: ele estava num bar em Hollyhood, e de repente aparecia a Greta Garbo deplorável, decadente, muito feia e desinteressante. Respondi à altura, defendendo-a, mas tudo com muita cordialidade, porque se há pessoa que eu admirava e gostava, pelo seu jeito tão diferente do meu, era o Vinicius. Você não chegou a conhecê-lo pessoalmente? Era encantador”.
Fonte: Folha de São Paulo, 03/06/1984 – Augusto Masi e Lúcia Nagib
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