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Religião
Anthony Burgess

"Claro que (o puritanismo) faz parte de mim. Nós ingleses levamos nosso catolicismo a sério, o que não acontece com os italianos e franceses; isso faz com que sejamos zelosos e atormentados pelo pecado. Absorvemos realmente o inferno - talvez uma noção bem nórdica -, e pensamos nele quando cometemos adultério. Sou tão puritano que não consigo descrever um beijo se corar"... Waugh é engraçado, Waugh é distinto, Waugh é moderado. Nele, o que significa menos para mim é seu catolicismo, que desprezo, como todos os católicos de origem desprezam os convertidos. Na verdade, esse seu catolicismo prejudica Sword of honour... Os ingleses convertidos ao catolicismo inclinam-se a ficar deslumbrados com os encantos da religião, e mesmo a procurar nela mais encantos do que realmente existem - como Waugh, sonhando com uma antiga aristocracia católica inglesa, ou Greene, fascinado pelo pecado de forma bastante fria. Desejaria simpatizar mais com Mauriac como escritor. O fato é que prefiro os católicos convertidos porque, por acaso, são melhores romancistas".

Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

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