"Nunca tive um método de trabalho. O trabalho me impõe o método. Posso estar dando voltas ao redor de um conto durante duas semanas, e de repente vou para a máquina achando que está pronto, que posso me soltar, e abandoná-lo bruscamente e não fazer nada de nada durante semanas. Mas o que posso dizer, e por isso falo que o trabalho me impõe o método, é que, quando começo uma coisa, há subitamente uma espécie de corrente que se fecha entre mim e a coisa, entre mim e essa página que foi posta na máquina. E então volto, fico e termino o que estou fazendo. Nesse momento sou capaz de trabalhar horas seguidas".
Fonte: PREGO, Omar. O fascínio das palavras: entrevistas com Julio Cortazar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.
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