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ENTREVISTA SIMULTÂNEA
Julio Cortázar

Julio Florencio Cortázar

Nasceu em 1914, acidentalmente, em Bruxelas, Bélgica, e aos quatro anos retornou com seus pais a Buenos Aires, Argentina. A partir de 1951 passou a viver em Paris, fugindo do peronismo. Logo, o escritor tido como portenho e parisiense não é uma coisa nem outra. Sua nacionalidade é misteriosa como sua literatura. Numa classificação superficial, tem sido arrolado entre os papas do realismo fantástico. Porém, tal rótulo não esgota a complexidade de sua literatura. Escreveu desde criança, mas só publicou seu primeiro trabalho – Presença, uma coletânea de sonetos – aos 25 anos com o pseudônimo Julio Denis, com tiragem de 250 exemplares. Um lançamento cuidadoso, de quem se preparava para vôos maiores. Antes disso, chegou a queimar dois ou três romances, um deles com 600 páginas. Como leitor aplicado de filosofia, foi influenciado no primeiro livro publicado com seu nome em 1949: Os reis, uma série de diálogos sobre o tema de Teseu e o Minotauro. Em 1951 publicou Bestiário, o primeiro livro de contos sem muita repercussão. Começou a ser conhecido com Final de jogo, lançado no México em 1956. Sua consagração, porém, se deu com O jogo da amarelinha (1963), romance que inaugurou um novo modo de fazer literatura, do qual ele mesmo recomenda a leitura dos capítulos seguindo séries numéricas, saltando trechos, lendo de trás para frente etc. Devido a sua condição de escritor engajado por excelência, esse livro embalou os sonhos de uma geração de jovens em busca de justiça social em toda a América Latina. Politicamente, o autor também foi um mistério, devido à fragilidade dos rótulos da época, pois, para a CIA, tratava-se de um perigoso esquerdista a soldo da KGB, enquanto esta considerava-o um notório agente do imperialismo a soldo da CIA e perigoso agitador anti-soviético, já que denunciava as prisões em Moscou dos chamados dissidentes. Para muitos críticos, sua maior obra é O livro de Manuel (1973), o mergulho mais fundo na alma do escritor e em suas convicções literárias. Tem diversos livros editados no Brasil, além dos citados: Os prêmios (1970), Todos os Fogos o Fogo (1972), Histórias de cronópios e de famas (1973), Prosa do Observatório (1974), Octaedro (1975), Orientação aos gatos (1981), Fora de hora (1985), Nicarágua tão violentamente doce (1987) e As autonautas da cosmopista (1991). Em 1999 foi lançada uma coletânea de sua produção na área da crítica literária: Julio Cortázar – Obra Crítica. No ano seguinte foi lançada uma biografia escrita pelo seu conterrâneo e colega Mario Goloboff, que resgata a trajetória do escritor numa obra que encara o fantástico e o real em sua vida: Julio Cortázar - la biografia, Editora Six Barral, 2000. Seu lançamento mais recente é o livro póstumo Papeles inesperados (Alfaragua, 2009). Faleceu em 12 de fevereiro de 1984.

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