“Quando eu comecei a escrever, não havia crítico universitário, não se ensinava literatura brasileira nas universidades. O crítico era um senhor que escrevia artigos de crítica no jornal. No tempo em que eram os jornais que falavam de mim, minhas tiragens eram fora de comércio. Meus primeiros livros foram todos fora de comércio, até 1956. Eu sou de 1920, portanto, quando do meu primeiro livro comercial, eu tinha 36 anos. Ai você pode dizer: Naquele tempo você era moço e não tinha ainda se imposto’. Talvez você tenha razão, mas, veja, é exatamente a partir da crítica universitária que hoje se publica um livro meu e que esse livro é vendido”.
Fonte: Palavra (Belo Horizonte), n. 12, abr. 2000
"Tenho o maior respeito e curiosidade pela crítica. Afinal, o meu ideal sempre foi ser crítico. Infelizmente não aconteceu. Penso que o poeta, quando escreve, está a querer comunicar. É como no tiro ao alvo: para se retificar e acertar na vez seguinte é preciso saber a posição do tiro anterior. Como posso eu saber da reação qo que escrevo - senão pela crítica? E o que diz o crítico burro também tem importância: porque há o leitor burro. Aquilo que me desagrada profundamente na crítica é que se exige do escritor que ele morra se superando. Acho isso uma atitude monstruosa. conduz a que o escritor só possa parar no dia seguinte ao da morte. Ora, eu gostaria que a crítica brasileira, em vez de se comportar como o público espanhol de touros, adotasse antes atitude do torcedor de futebol brasileiro...",
Fonte: Diário Popular, Lisboa, 07/06/1968.
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