"Não me agradam os escritores que traem em sua vida diária o que sustentam em sua obra. Detesto esse tipo de contradição. Um escritor deve dizer o que considera sua verdade e defendê-la sem se importar com os riscos em que se veja comprometido. Essa é uma postura ante si mesmo, ante a vida e ante os demais. Essa é sua política – nada menos –, e não se deve confundir com particularismos políticos. Sempre me considerei um franco-atirador solitário. Ao longo da vida, essa atitude me foi conquistando uma quantidade de inimigos. Como esses comunistas de salão que me acusaram quando critiquei os crimes stalinistas. Será possível, por acaso, distinguir entre torturas más e torturas que trazem benefícios? O escritor não pode defender nenhuma ideologia que esteja acima da dignidade da criatura humana e, se o fizer, a história o julgará por esse crime. A meu ver o mais aberrante."
Fonte: Bravo!, São Paulo, nov. 1999 - Violeta Weinschelbaum
“Não acredito na literatura política. Quer dizer, creio que pode haver literatura política, mas não acredito que possa ser uma grande literatura. A grande literatura não se ocupa da política, que é tão transitória. A grande literatura ocupa-se do coração do homem, ocupa-se dos grandes problemas existenciais, com perdão dessa grandiosa palavra. Ou seja, o bem, o mal, a morte, a solidão, isso é a grande literatura .Não sei se a alcancei, mas foi o que pretendi fazer. A literatura política é inferior, sem falar da literatura apologética. Ou seja, um sujeito que escreve livros como fazem as Igrejas, esses livros edificantes. Não acredito na literatura edificante como havia na União Soviética. Para quê? Para isso existe a política. Pode-se ser um escritor importante e fazer política, ser do partido A, B ou C. A isso eu não me oponho. Sempre participei da vida política na medida em que podia ser útil”.
Fonte: TV Cultura (SP), Programa Roda Viva, 12/09/1994
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